Personagem da Feira de São Cristóvão – Carmem Lúcia – Loja Ciranda das Artes

15/02/2019 1 Por afs
Personagem da Feira de São Cristóvão – Carmem Lúcia – Loja Ciranda das Artes

Há objetos por todos os lados. São peças artesanais brutas e delicadas, cruas ou em tons vivos, feitas em tecido, cerâmica, palha, argila ou madeira; de formas, texturas e tamanhos diferentes, em um espaço bem iluminado que ditam o bom humor e aconchego da loja Ciranda das Artes, no Pavilhão de São Cristóvão.

Foto: Hélio Motta

A proprietária, Carmem Lúcia de Azevedo Sá (66), nascida na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde mora até hoje, e ex-professora, está no comércio desde 1990, quando começou a participar da Feira de Artesanato, às quintas-feiras, em Caxias, até 2005, vendendo imagens sacras em gesso produzidas por ela e sua equipe. Na época, conta que só poderiam participar artesãos que realizassem o curso de qualificação profissional com certificado oferecido pela prefeitura local. Desde então, a sua vida profissional é pautada por vendas de artesanato.
A sua trajetória na Feira de São Cristóvão começa em 2003, logo assim que a feira foi inaugurada dentro do pavilhão. Segundo ela, um sonho realizado, já que alimentava um desejo enorme de vender seus produtos na feira, principalmente quando passava pelo Campo de São Cristóvão e via as barraquinhas montadas no entorno do pavilhão.

 

Quase 16 anos depois e, há 10 anos na rua principal da feira (Rua Bahia E49), num espaço mais amplo de 24 m², a Ciranda das Artes é uma referência em artesanato. As cores vivas e alegres dos objetos expostos, revelam muito da personalidade dessa carioca, descendente de espanhóis – avós maternos imigrantes da cidade de Barcelona -, que rasga elogios ao povo nordestino, ama o que faz e nutre uma enorme satisfação de estar na feira.
“Fui muito bem recebida pelos nordestinos e sou apaixonada por isso aqui hoje, e não largo de jeito nenhum. Eu sou uma pessoa muito alegre e me identifico muito com isso aqui. Eu digo que sou meio carioca e meio nordestina. Está tudo dentro daquilo que sempre pensei”, disse.
Carmem é uma pessoa de bem com a vida, simpática, elegante e que curti uma boa conversa. A sua dedicação à loja, quase em tempo integral – de terça-feira a domingo -, diz muito do seu amor pelo que faz, e, ainda assim, consegue tempo para elaborar alguns itens para venda – hoje, uma produção mais enxuta -, como imagens e peneiras. Estas, cheias de detalhes e personalidade com temática nordestina, produzidas em seu ateliê na sua casa.
Na Ciranda das Artes, os artesanatos se destacam nas prateleiras, no chão, pendurados ou pontuando paredes e vitrines. São de todos os tipos: cestas e trançados, entalhe em madeira, rendas, redes, cerâmica e bonecos de barro. Você encontra também objetos lúdicos, funcionais e decorativos, peças que no lar transmitem uma pegada descontraída e envolvente. Ela faz questão de ressaltar que seus produtos são do Nordeste e não economiza palavras para enaltecer a variedade e a beleza do artesanato da região. E destaca algumas peças como as redes da Paraíba, bolsas e bonés confeccionados com a famosa palha de buriti do Maranhão, os santos de borracha do Rio Grande do Norte, como novidade, carrancas, bois e as bonecas barrigudas de barro.
Para Carmem a vida dos nordestinos é um palco iluminado é uma festa só. Pois transmitem alegria em tudo que fazem: na música, na capoeira, no cordel, no artesanato.

“Um mundo vasto, muito bonito, um pessoal encantador, feliz, que eu acho que é isso que a gente precisa. Essa felicidade, esse contágio, que o nordestino tem para passar pra gente e para os que vêm de fora”, finaliza.