Carne de sol – Um prato tipicamente nordestino de dar água na boca
23/08/2019 O rigor da seca no sertão impõe à sua gente uma extraordinária forma de sobrevivência. A culinária sertaneja, de alguma maneira, nos revela essa condição. E mesmo com o modo simples na preparação, conservação e reaproveitamento dos alimentos ela se traduz em pratos saborosos e nutritivos.
O sertanejo nordestino, castigado pelo sol ardente e o aspecto decididamente rude e desolador da região semiárida, no século XVII, herdou dos portugueses a técnica no processo de preparação para conservar alimentos por intermédio do sal. Este, empregado por ele na carne bovina, resultou a carne de sol, denominada também carne de vento e carne do sertão. Depois da salga, a carne é colocada em local coberto e arejado para secar, durante algum tempo. A sua desidratação conserva por mais tempo a proteína animal. As carnes usadas nesse processo geralmente são a alcatra, maminha, coxão mole e contrafilé. O método pode ser usado também para carnes de porco ou cordeiro, por exemplo. Outro detalhe curioso, dessa criação nordestina, é que a saborosa carne de sol continua sendo processada de forma artesanal, do jeito que saiu da mesa sertaneja e conquistou o paladar dos brasileiros.
É importante salientar ainda que a carne de sol em relação a carne-seca e o charque, mesmo com processos parecidos, se diferenciam no sabor. A carne de sol leva menor quantidade de sal e menos tempo de secagem, o que deixa o miolo da carne úmido tornando-a macia e suculenta em relação as demais. Ela é consumida em todo território nacional, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país.
Referência Histórica
O processo de secagem da carne pela exposição ao fogo é primitivo, e dele se obtém o cozimento e a defumação do alimento, preservando-o para o consumo por mais tempo. Isto, devido as altas temperaturas, pois o calor e a fumaça desidratam a carne protegendo-a. Os índios preferiam secar os alimentos no fogo. Os portugueses, por sua vez, trouxeram essa tradição de conservar o alimento com sal como faziam com o bacalhau, por exemplo. Certamente, o contato com essas técnicas influenciou o sertanejo a usá-las no manuseio da carne. E o método primitivo, que se destinava apenas à conservação do alimento, em função do clima seco e quente da região, transformou os cortes da carne bovina em uma das iguarias mais apreciadas da culinária nordestina.
Onde Encontrar
Para você degustar essa deliciosa iguaria nordestina, o Rio de Janeiro dispõe de vários restaurantes e, também, açougues para você levar a carne de sol pra casa e se aventurar no preparo. Mas para quem deseja além de saborear a carne de sol, vivenciar o clima festivo e descontraído da região nordestina, o endereço é a Feira de São Cristóvão, na cidade do Rio. Lá são várias opções em um só lugar para seu apetite e bolso.